sexta-feira, 16 de julho de 2010

Foi só um sonho

Nós dois entrelaçados

Naquela noite, naquela cama

Cabendo em um mesmo espaço

E em mim o nascer da chama


Sua carne que me consumia diariamente

Lá, onde só eu habitava

Me enchia e me esvaziava

Sempre, sem parada, incansavelmente


E eu enfeitiçado com o teu encanto

Somente depois

Em um súbito engano


Percebi que nós dois

Não passou de uma quimera

Pois era meu sonho que você apodera


(Diomedes Fernandes)

Pe. Zezinho

Achei magnífico esse comentário do Pe. Zezinho, tenho quase certeza de que ninguém escreveria melhor sobre tal assunto, com simplicidade e educação, ele dá uma lição de sabedoria . Eu como cristã católica e crítica, me sinto na obrigação de postar isso em meu blog.

OS FLAUTISTAS E O DOM DAS LINGUAS

Eles questionam o mundo e alguns deles até questionam padres, bispos e teólogos quem não têm este dom, ou quem eles não consideram batizado no Espírito. Fraternalmente questionemos o dom das línguas e quem diz que o recebeu. Os evangelhos, as epístolas e a Igreja nos dão esse direito.

Existir, ele existe! Paulo disse que o possuía, mas pouco usufruía dele. Falava em línguas mais do que todos de Corinto, mas preferia exercer outros dons que também possuía. Achava-os mais úteis à comunidade. Está na carta de Paulo aos Coríntios (1 Cor 14, 2-39) Mais claro é impossível. Não entende quem não quer. Há dons melhores e maiores, mas não é um dom a ser minimizado e desprezado. Tem seu significado e a sua razão de ser, quando de fato é dom e quando o fiel que afirma possuí-lo, não está brincando de emitir sons estranhos. A Igreja já se pronunciou sobre isso, não uma: diversas vezes!

Comparemo-lo o dom das línguas ao dom da canção, que não deixa de ser uma forma de linguagem também dada pelo céu. No caso da inspiração para tocar e cantar, Deus às vezes dá o dom de compor, às vezes o de cantar , ou o de tocar, ou o de interpretar a canção de um outro. Tudo é dom, mas tem que ser trabalhado.

Há pessoas que não receberam o dom da canção. Tocam e cantam desafinados ou sem ritmo e nem percebem que estão fora do tom. Paremos de bajular um irmão que canta mal. Que procure e exerça outros dons, mas não este! Cabe aos irmãos e amigos dizer-lhes a verdade. Se insistir em tocar e cantar em público, vai destoar e pagar mico... Cantar ao microfone não é para todos. Orar em línguas também não é. Quem não tem o dom não brinque com ele. Quem o tem também não brinque!

Ponhamos 5 mil flautas nas mãos de 5 mil fiéis em oração. Peçamos a eles que louvem o Senhor, tocando alguma melodia. Vai haver uma algaravia de sons, mas como poucos têm o dom, uns poucos tocarão melodias harmoniosas que digam coisa com coisa. Os demais certamente arrancarão algum ruído da sua flauta, mas é o que será: ruído. Não será música!

Voltando ao dom das línguas, há irmãos e irmãs que certamente o possuem. Neles é dom e é som. Não há como negar. Sua vida, repleta de outros dons, também manifesta este. É bom para eles. Deus lhes dá esses eflúvios como consolo. Mas, como diz Paulo, falar em línguas é para o proveito pessoal, de quem certamente têm outros dons a oferecer à Igreja. O dom e o som de uma língua não conhecida conforta-os e os transporta a um estado de entrega que, no seu caso, parece fazer bem. Quem não fala em línguas terá outros consolos. Para servir o Espírito Santo não é preciso saber orar em línguas.

E há os outros. Não falam, mas agem como se falassem. Lembram o violonista que não toca direito, mas age como se tocasse. Devem ser questionados. Quem somos nós para julgar se possuem ou não o dom? Os mesmos que possuem o dom de interpretar porque leram, estudaram e também receberam um dom. Os mesmos que podem dizer de um cantor é afinado ou não é. No caso deles, não parece que entenderam o som que andam emitindo, às vezes influenciado pelos outros. Se todo mundo está tirando algum som da sua flauta porque não ele? Não é critério para tocar na igreja!

É isso! Ele tira um som porque outros também tiram. Som do céu é que não é. Mas, como temos visto poucos intérpretes nessas assembléias e Paulo continua desobedecido, fazem o som que bem entendem e chamam a isso de dom das línguas. Uns poucos mostram o dom. Eles mostram o som. Dos cinco mil flautistas uns 100 talvez consigam tocar uma melodia inteira. Os outros farão barulho, por mais que chamem a isso de música!

Eu disse isso uma vez numa assembléia e quase saí apedrejado. Acharam que não se pode comparar o dom das línguas com o dom de compor e cantar. E aí é que se enganam. O dom de línguas existe para edificar e o de cantar também. Se alguém toca mal, canta mal e desafinado, que tenha a humildade de pedir ajuda, e primeiro aprender o que é cantar e tocar para Deus. Também os que dizem ter o dom das línguas, primeiro aprendam o que significa possuir este dom. Nem o cantor deve brincar de cantar compor canções mal estruturadas e sem catequese, praticamente copiando o som e a letra dos outros, nem o que fala em línguas deve fazer de conta que seu som é um dom. Às vezes é apenas imitação do som de um outro.

Os sacerdotes que os orientam deveriam ser mais exigentes, da mesma forma que os que cuidam da liturgia não devem deixar qualquer um tocar ou cantar na missa. Vale para quem toca e canta lá naquele microfone, vale para quem diz orar em línguas. Questionemos os comentaristas, os leitores, os cantores e os músicos, mas questionemos também os que dizem cantar e orar em línguas. Que seja mais do que um som. Que seja realmente um dom. Que Paulo seja levado a sério. Uma releitura da 1 Cor 14, 2-39 tornaria bem mais sérios esses encontros, onde um puxa e os outros vão atrás. Não basta querer tocar violão ou flauta. Tem que saber! Dom porque é dado rima com aprendizado! Também o dom das línguas. Não vale qualquer som!